Escrever






se me perguntares porque escrevo, não haverá resposta suficiente. 
escrevo como se se a morte me perseguisse. como se fossem as minhas ultimas recordações. como se no precipício da vida pudesse deixar o meu eco. escrevo para guardar as pessoas que vivem dentro mim. os lugares bonitos que urgem nas lembranças de quem falava com os olhos. 
nunca pouparei a imaginação. ainda que invente histórias. 
ainda que nada aconteça no que tenho para contar. mesmo assim. não pouparei a imaginação. 
ler e acreditar é diferente. nós, os dos livros, não acreditamos em nada. queremos apenas viver no que não acreditamos. e depois de ler, escrevemos. para igualar os poemas dos poetas. queremos descrever a chuva sem lhe dar esse nome. dizer do amor o que ele nunca foi. fazer da longevidade a escassez. 
por isso sei que me perguntarás porque escrevo. 
eu escrevo para que a morte não determine o absoluto. para ocultar dos que duvidam que nunca haverá vozes suficientes para calar a poesia. 
escrevo para sentir o que ninguém me conseguiu fazer sentir.

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