A ti, tudo



escreveram-se tantos livros e nenhum, nenhum te escolheu. 

fui eu que aconteci, quando me ofereceram o prémio nobel da literatura por ser o melhor escritor da minha rua. em competição com a idosa que escrevia poemas às escondidas do marido, por medo do amor e do casamento.

tamanha métrica só nos teus lábios. os mesmos que lembrei quando o prémio nobel quase a deslizar-me da mão. os agradecimentos finais e no fim o teu beijo a esperar-me no vão das escadas.

desde essa altura, que me passeio de vaidade pela praceta vizinha da minha rua. ando em bicos de pés, vaidoso, nada arrogante, vaidoso apenas.

e os vizinhos a fecharem as portas e comentários invejosos, não pelo prémio, nem pelos livros. porque de manhã, à minha janela, estão os teus lábios e o teu sorriso, a sonharem devagar no outono.



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