O faroleiro



Diz-se que o faroleiro não tem poiso, que o chão em que caminha é sempre o retorno para algo que nunca foi. A lâmpada que dele faz parte, indica o traço que o mesmo descreve, o mar, sempre o mar.
Quis a força do entendimento, que eu nunca fosse faroleiro, para que nunca me ausentasse de ti. Para que o traço do meu esquecimento nunca fosse o teu rosto ou o teu lábio inferior.
Coube-me a tarefa de ser professor, assim como os teus dias e o desenho dos teus lápis.
Ensino, sem saber que me ensinam a mim. Sou o orador de uma sala que se enche de crianças geniais. São elas que desenham o mesmo que os teus lápis. São eles as tuas mão. As crianças são tudo aquilo que vejo em ti, o beijo da inocência e um porto a ser embarcado.
Sou professor de um amor que me explica os teus pés, como se tudo se resumisse aos teus pés a subirem pelas tuas pernas e eu me perdesse por peles bronzeadas.
Permaneço.
Quero permanecer nos teus ombros que descaem como se eu os pudesse tocar.
Quero permanecer no teu fino pescoço e surgir nas tuas costas de sabor.
Quero permanecer no teu ínfimo desejo.
Quero permanecer na urgência de te conhecer.
Quero permanecer na ousadia de ficar

Não sou faroleiro. Contigo nunca serei faroleiro.

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