Espera-me

 
ficará por explicar,
nos corredores da eternidade,
a razão porque gostei de ti
porque gosto.
e poderia reescrever a história
como contos.

nada chegaria para o perceber
ninguém fará ideia
eu nunca fiz nenhuma ideia real dos teus cabelos
eles eram simplesmente
eu mexia neles de passagem
sempre de passagem sem permanecer.

fugiste-me antes mesmo do entendimento
antes de nos aprendermos um ao outro
antes de nos gastarmos.

agora saboreio amargamente a novidade que não queria ler
foi uma leitura tao nítida que eu não existo já
como um poema doentio que me persegue no rebordo das páginas

e dói tanto
dói o corte fino que me fazes nas silabas que me ofereces

grito.
eu grito.
grito:
Não me fujas. Não te faças falta em mim. Não o tenhas sem mim. Não vás. Espera-me. Espera-me. Espera-me. Espera-me. Espera-me. Espera-me. Espera-me. Espera-me. Espera-me. Espera-me. Espera-me. Espera-me. Espera-me. Espera-me.

enquanto grito tu amorteces a minha dor com um afastar tão leve, tão leve.
Espera-me.

Comentários

  1. É um encantamento ler-te.
    Tomara um dia ganhar coragem e partilhar de forma tão doce o que escrevo.
    Lindo! Parabéns.

    R.

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