O lugar das coisas mais bonitas

É lá em cima que moram as coisas mais bonitas do mundo. Lá ninguém se magoa. O arco íris serve de manto para que os meninos adormeçam devagarinho, e nem os olhos precisam de se fechar porque os sonhos substituem a vida.

- sabes, queria que me desses a mão para irmos os dois, a levantar os pés como que a levitar.

E as portas abrem-se sem que haja lugar para paredes. O céu é aberto para todos. Disseram-me que as palavras não são precisas, que basta pensar um bocadinho. Tudo acontece porque os homens são muito pequenos e desaprenderam de falar. E eu sei que estão todos lá, à nossa espera. 

- se escreveres um poema pelo caminho eu juro que o vento não se vai aborrecer.

Vamos dizer adeus. Ou até logo, para depois subirmos para o barco feito do branco das nuvens. Vamos rápido que todos nos esperam na ponta do meu dedo.

E fomos os dois, como se a infância nos fosse retornar ao tempo das coisas impossíveis. Muito devagarinho, para não tropeçarmos nos sonhos dos outros. Até ao céu. Até ao lugar das coisas mais bonitas do mundo. Até onde imaginar é viver. Até para sempre. Até onde nunca deixaremos de regressar.

- obrigado por acreditares.

E por lá ficámos.